segunda-feira, 20 de abril de 2009

Voltar às origens: com que propósito? Parte II

A nossa reflexão apontou de forma contundente para o fato de que cada um de nós é insubstituível nesta tarefa cotidiana da confrontação consigo mesmo e com a plenitude do outro. Esta disciplina pessoal e interior, na estrutura institucional da OFM, é denominada de formação permanente. Disciplina da confrontação ou disciplina da fuga?
A nossa reflexão também apontou de forma muito clara para fato de que as estruturas não passam de mediações, que podem ser estas ou outras, melhores ou piores, conforme os processos de maior ou menor reflexão e decisão. Lealdade à experiência originária ou às mediações?
As duas reflexões apontam na mesma direção, naturalmente que em planos diferentes. A primeira, no plano das políticas pessoais e interpessoais, e a segunda, no plano das políticas estruturais e institucionais.
Nos dois casos a exigência é a mesma: re-visar e re-propor modelos de gestão política. No primeiro caso, a gestão formativa e permanente da vida cotidiana e, no segundo caso, a gestão institucional das estruturas.
Estas duas exigências remetem inevitavelmente à experiência originária, já que as pessoas estão na formação permanente devido a uma suposta adesão e pertença a uma experiência originária e fundacional. Do mesmo modo, as estruturas institucionais foram constituídas e construídas como mediações a serviço da repetição ou da realização de experiências análogas à experiência originária e fundacional. Como fazer para gerir no dia a dia, desde a experiência originária e fundacional, a vida cotidiana e a estrutura institucional?
A gestão é modelar. Estamos em busca de um modelo de gestão que nos permita três movimentos simultâneos, orquestrados, harmoniosos e, naturalmente, exitosos nos seus resultados, a saber: 1) voltar às origens com um propósito claro; 2) re-visar e re-propor políticas de formação permanente com incidência nas pessoas e nas relações interpessoais; 3) re-visar e re-propor políticas institucionais de avaliação, flexibilização, reestruturação e reinvenção.
O modelo de gestão deverá estar conformado por um conjunto de critérios analiticamente bem dispostos e claros. Estes critérios devem conter aqueles elementos originários, inspiracionais e fundacionais irrenunciáveis e inegociáveis. É parte constitutiva do modelo de gestão a análise rigorosa da realidade humana e institucional. Para poder dizer como queremos estar é necessário, antes, saber realmente como estamos.
O modelo de gestão também incorpora uma estratégia prospectiva, isto é, não pensar de maneira adaptativa, mas de maneira transformativa. A prospectiva não nos adapta para uma maior comodidade, mas nos transforma para um maior profetismo. Prospectivamente somos chamados a decidir que tipo de pessoas nós queremos ser e que marco institucional queremos construir.
Por exemplo: Como queremos ver-nos e a nossa Entidade em seis anos? Que metas é necessário realizar a cada ano para alcançar a meta final dos seis anos? Que metas é necessário realizar a cada mês para alcançar as metas anuais de cada ano dos seis anos?
A necessidade de responder a estas perguntas nos leva ao segundo passo dentro do modelo de gestão. Trata-se da formulação de um projeto de ação por um determinado tempo. Este projeto estará conformado de um conjunto de princípios analiticamente bem dispostos, claros e sustentados nos critérios e nos dados levantados na avaliação da nossa realidade. Desses princípios se extrairá, de forma analítica, o objetivo geral e os específicos do projeto, para o sexênio, para triênio e para cada ano.
Para dar conta da realização desses objetivos sexenais, trienais e anuais, é necessário fazer planos e programas de ação: na vida pessoal e na fraternidade, nos órgãos de gerenciamento e nas distintas frentes de trabalhos.
É necessário advertir que estas indicações técnicas e metodológicas não têm nem a primeira nem última palavra em relação ao conteúdo essencial das experiências que desejamos realizar de modo mais organizado e controlado. Estas mediações têm a palavra do meio, isto é, a palavra que nos desafia a pensar também no “quando”, no “como”, no “por quanto tempo”, no “com quem”, no “com que”, no “para onde”, no “desde onde”, etc.
“Mas sabemos que estas coisas complicadas, estruturadas e trabalhosas não são nós. Tudo isso é um grande exagero e, no fim, não vai servir para nada, voltaremos para casa e continuará tudo igual. Melhor, vamos administrando as coisas na medida em que vão aparecendo, e as mais difíceis e dolorosas, confiamos ao tempo, deixemos como está para amadurecer e ver como vai ficando, com o tempo, se decompõem e caem. Nos final das contas, é no andar da carroça que as abóboras se ajeitam e apodrecem.”

Será que alguma das abóboras já se perguntou para onde vai esta carroça?

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